domingo, 18 de outubro de 2015

Marca-dores.

Algumas coisas te marcam, nem sempre de um jeito bom.

Essas coisas fazem de nós o que somos hoje, justificam as atitudes que tomamos a partir delas, nos motivam a tomar decisões para o futuro e, na maioria das vezes, nos prendem em nós mesmos, como um segredo particular. "Marcadores da vida".

Freud explica que o que vivemos na infância, reflete na vida, na sexualidade principalmente. Diz que “Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos.”, concordo com ele.

Não importa o quanto você esconda isso de todos (e de si mesmo) naquela caixinha na memória intitulada “Coisas para esquecer”. Não adianta, você ainda guarda a caixa.

Uma hora ou outra tudo isso explode. Foi o que aconteceu comigo.

Eu já tinha revivido essas lembranças milhares de vezes, já tinha chorado e escrito sobre elas, mas acho que não foi suficiente. Eu precisava contar pra alguém. Contei.

Não era o momento, não era o lugar, mas era a pessoa certa.

Primeiro senti a mistura de pânico e vergonha, como se a caixa tivesse aberto e eu desesperadamente tentasse fecha-la. Depois senti um alivio, eu não precisava mais guardar aquilo, pelo menos não com tanta amargura.

Aquilo que me feria tanto a ponto de me deixar dormente, de mudar tanta coisa em mim, tinha se esvaído como fumaça e eu me senti leve.


Leve como a brisa que bate no meu rosto quando vou passar fim de semana no interior. Leve como o sorriso da minha avó quando eu faço uma piada estranha. Leve como a gargalhada da minha irmã. Leve como os beijos do meu namorado. Leve como quando danço.