Algumas
coisas te marcam, nem sempre de um jeito bom.
Essas
coisas fazem de nós o que somos hoje, justificam as atitudes que tomamos a
partir delas, nos motivam a tomar decisões para o futuro e, na maioria das
vezes, nos prendem em nós mesmos, como um segredo particular. "Marcadores da vida".
Freud
explica que o que vivemos na infância, reflete na vida, na sexualidade
principalmente. Diz que “Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a
boca se cala, falam as pontas dos dedos.”, concordo com ele.
Não
importa o quanto você esconda isso de todos (e de si mesmo) naquela caixinha na
memória intitulada “Coisas para esquecer”. Não adianta, você ainda guarda a
caixa.
Uma
hora ou outra tudo isso explode. Foi o que aconteceu comigo.
Eu
já tinha revivido essas lembranças milhares de vezes, já tinha chorado e escrito
sobre elas, mas acho que não foi suficiente. Eu precisava contar pra alguém. Contei.
Não
era o momento, não era o lugar, mas era a pessoa certa.
Primeiro
senti a mistura de pânico e vergonha, como se a caixa tivesse aberto e eu
desesperadamente tentasse fecha-la. Depois senti um alivio, eu não precisava
mais guardar aquilo, pelo menos não com tanta amargura.
Aquilo
que me feria tanto a ponto de me deixar dormente, de mudar tanta coisa em mim,
tinha se esvaído como fumaça e eu me senti leve.
Leve
como a brisa que bate no meu rosto quando vou passar fim de semana no interior.
Leve como o sorriso da minha avó quando eu faço uma piada estranha. Leve como a
gargalhada da minha irmã. Leve como os beijos do meu namorado. Leve como quando
danço.
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